No embalo da sucessão.

Enquanto despencam barrancos,
O povo sofre e passa fome,
Levando a vida aos trancos,
Sendo tapeado pelos mais nobres homens!

Prenderam um megainvestidor,
Não consigo nem acreditar.
E ainda procuram mais um usurpador.
Alguém me belisque! Quero acordar!

Num futebol de poucos valores,
Alguns times fazem vergonha
Enquanto políticos/saqueadores
Metem a mão sem cerimônia!

Tantas promessas tenho ouvido,
Sabendo que tudo é mentira,
E tem uns que até falam bonito
Para o povo que morre no dia-a-dia!

Eu credito na terra do futuro,
Os avalistas é que não são de confiança.
Pois até os representantes da cultura
Pedem mudança!

Tem uns que se dizem estrangeiros,
Para outros que já estiveram em Bora-Bora.
Mas a maioria, sem paradeiro,
Busca mesmo é o sucesso lá fora!

Dia de finados.

Sol, praia, mar,
Mulheres por metro quadrado,
Todos dispostos a brincar.
Nem parece que é Dia de Finados!

Futebol, estádios bem cheios;
Bares, repletos de bêbados;
Cinema, mulheres mostrando bem mais que os seios!
Disseram que houve tempo em que havia segredos!

Comércio, compre uma vela
Para o seu morto querido.
Tem verde, preta ou amarela
Para mortos feios ou bonitos!

Na nova república flagelada,
O povo é enterrado sob mistérios;
Para administrações desencontradas,
A economia será nos cemitérios!

Enquanto todos falam em sucessão,
O povo continua sendo enrolado por tabela,
Acreditando que a inflação
É mau agouro de primavera!

E vejam só que engraçado,
Como a nossa nação evoluiu:
Em pleno Dia de Finados,
Todos só se preocupam com a Copa no Brasil!

Eu e os deuses

Eu não sou violento,
Mas sou meigo e intuitivo.
Os deuses regem o pensamento
Em busca de inimigos!

Por mim, haveria paz;
Por eles, é preciso guerra.
E enquanto a vida se refaz,
Juntos destruímos a terra!

Raramente querem amor,
Sonhos e poesia.
Aí me vingo com a dor,
Ódio e agonia!

Os deuses me têm como brinquedo
Em suas mãos imortais,
Porém, não tenho medo,
Pois eles não me assustam mais!

Eu canto e componho
Em luta por meu ideal,
Porém me fazem medonho
Como quem semeia o mal!

Os deuses, eu aprendi,
São armadilhas no tempo
Que estão a me seguir
Para testar meus sentimentos!

Palhaço

Com o rosto maquiado,
sempre sorrindo a pular.
No fundo, um angustiado
com vontade de chorar!

Feliz no picadeiro,
rola no chão feito criança,
o palhaço bom e muito festeiro
ensina a ter esperança!

Uma criança muito triste
nem percebe que o palhaço
pula, dança, cai, não desiste
e chora, só depois ganha um abraço!

A plateia está a aplaudir
aquela cena doce e sincera.
Ao começar a sorrir,
pode ver quem aquela criança era!

Era sua única filha,
que num acidente desaparecera
e no desespero de sua vida
aos poucos ele morrera!

O porquê não importava,
já que era imensa tanta alegria.
A verdade é que o palhaço chorava
e a menina triste sorria!

Funcionário da poesia

Hoje sou reconhecido
pelo meu esforço e trabalho.
A vida me reservou um brilho
e por causa disso não paro!

 

Tudo o que passei nesta vida
fez de mim o que sou.
Se tive dor, tive feridas,
o sonho não acabou!

Só tenho o Pai por meu Guia
e a vida cobra o que devo.
De troco, recebo a poesia.
Por isso, sempre que posso escrevo!

Os louros de minhas vitórias
com todos participarei;
já o amargor das derrotas
em minha vida já deletei!

Hoje, no meu caminho,
eu colho porque plantei o amor,
aprendi muito com os espinhos,
pois eles protegem a flor!

Talvez ninguém acredite
no sonho do meu dia-a-dia,
mas é isto que não me deixa triste
por ser eu o funcionário da poesia!

Sonho idealizado

Não sei se perco,
Não sei se ganho,
Não sei se fico ou permaneço
E sigo assim há alguns anos!
Não sei se o brilho da lua
Pode me dar alegria,
Nem se o barulho da rua
Me dá esperança noutro dia!

Não sei se o brilho do teu olhar
Pode me renascer de novo,
Nem se há sinceridade em seu falar,
Me oferecendo um sentimento maravilhoso!

Não sei se o que canto
Pode vir a ter o sentido,
Nem se o meu pranto
É o que deixa assim perdido!

Não sei o que me dói
Nem o que me alegra,
Nem sei se tenho heróis
Ou se me perco em trevas!

Não sei o quero agora,
Nem muito menos depois.
Não sei se vou embora
Ou se vivo este sonho a dois!

Não sei se espero a morte sentado
Ou se prossigo a lutar.
Só sei que meu sonho idealizado
Não consigo encontrar!

Desejo á distância

Com você eu quero amar,
E vou aí lhe buscar.
Mesmo sem a encontrar,
Dentro de cada gozar!
Por você eu quero viver,
Não vou me deixar vencer.
Pois preciso muito crescer
Para enfim lhe merecer!

Em você eu quero estar,
Falando em meu sonhar,
Aprendendo a lhe amar,
Para enfim lhe extasiar!

Sem você eu não sou nada,
Percebo até que fico pancada.
Acabo nunca entendendo nada,
E por mais que eu penso não penso mais nada!

Você bem que podia voltar,
Você precisa me amar.
Você deve me buscar,
Você tem todo o direito de me lambuzar!

Na distância você não vê a lágrima
Que segue sempre angustiada
Por ver-se sempre magoada,
Sem saber jamais se foi abandonada!

Acabou

Como tudo na vida acaba,
Acabou o amor pela paixão.
Enfim, mais um sonho desaba,
Mas mantenho os pés no chão!
Acabou o cheiro das flores,
Acabou o brilho do luar,
Mas desta vez não quero dores
Nem me porei a chorar!

Acabou o riso perdido,
A vontade de cantar e sorrir,
Mas não vou ficar entristecido,
Vou agora mais prosseguir!

Como tudo na vida acaba
Acabou a paixão pela paixão.
Tudo na vida passa,
Até a desilusão!

Acabou o encontro de olhar
E a vontade de sorrir,
Porém, eu vou continuar,
Eu tenho que seguir!

Hoje eu vou contar
Com os pés firmes no chão.
Tudo tem que um dia acabar,
Até mesmo a paixão pela paixão!

Prisioneiro do medo.

Eu não gosto apenas por gostar.
Querer bem é minha profissão de fé
E não sei onde tal ação me levará,
Mas não importa o caminho, ficarei de pé!

Eu sei que sou feliz assim

E sinto que você me entende

Porque o melhor de mim,

Só ao seu chamado atende!

Eu gosto de gostar

De pessoas iguais a você,

Por isso vou lhe entregar

Meu jeito simples de ser!

Eu sei que sou deste jeito

E gosto de você sempre mais,

Guardada dentro do meu peito

Com meus sentimentos de paz!

Eu vejo o vento ventando

Sobre os seus cachos de cabelo.

Aquele que não está lutando

É prisioneiro do próprio medo!

E o que sinto por você

É este sentimento que ninguém me tira

Portanto, não importa o que possam me dizer,

Sentir é minha vida!

O amor pela paixão.

Melhor do que ser campeão,
Ganhar a eleição
Ou novela de televisão,
É ser o amor da paixão!

É melhor do que andar de moto,
Carro com controle remoto,
Ou mesmo ganhar na loto,
Pois amar a paixão não é monótono!

Viajar de avião,
Ser ator de televisão,
Ou mesmo jogar contra ou a favor do timão
Só mesmo amor da paixão!

Contar o brilho das estrelas,
Olhar antes mesmo de vê-la,
Sentir o ter e não tê-la
Só o amor da paixão me dá a certeza!

Sonhar o sonho sonhado,
Amar o amor amado,
Chover no molhado
Só o amor da paixão me mantém acordado!

Só há um detalhe que me aborreceu,
Pois depois de tudo que você leu
Não sei se correspondeu,
Mas o amor da paixão serei eu?!

Dia das crianças.

Vejo tubos de cola vazios
Jogados aos cantos de um chafariz
Enquanto olhos sombrios
Me observam ao longe, um petiz!
Observo um corpo jogado
Cheio de sangue na rua,
Enquanto todos olham para o lado,
Seguindo cada um na sua!
Na mídia fazem campanha
Anunciando um mundo melhor,
Trabalho duro de uma semana
Para lembrar que ninguém está só!
Pergunto qual o sentido
De tantas crianças passando fome
Enquanto corruptos políticos
Fazem por merecer o próprio nome?
Eu deveria estar feliz
E me render a alegria,
Mas nem preciso cruzar o País
Para ver crianças em agonia!
O País está em festa
Cheio de fé e esperança?
E eu, por me assumir poeta,
Deveria exaltar o Dia das Crianças?

Tudo o que sei.

De todo coração, amo-te com tal intensidade
Que o mundo é pequeno para caber tanta emoção,
Porque a mesma me transborda de felicidade
Só por pensar que posso pegar em tuas mãos!

Sinto que em minha alma há tanto ardor
Que ofuscaria o brilho de mil sóis no universo
E faria brotar no solo mais estéril uma flor
Capaz de inspirar toda a força do meu verso!

Posso dizer com a certeza que em meu coração
Arde a chama de um incontido vulcão
Que pode mudar toda a história do planeta
E lhe fazer virar a cabeça!