16/09/2012

O mundo e nós

O mundo quer nos separar
Porque nossa felicidade
Nasce em nosso olhar
Num momento de intensidade!
O mundo não ruim
Apenas alguns que não honram o chão
Por desejarem o fim
Na vida de um irmão!
O mundo quer nos destruir
Por superarmos o nada
Num momento em que a sorrir
Vimos a glória da jornada!
O mundo, meu bem,
É tudo aquilo que queremos
Por irmos muito além
Em tudo o que sentimos e fazemos!
Tenho dó de quem sofre
Neste mundo sem ninguém
Sem ver que aos poucos morre
Em busca de um alguém!
O mundo quer nosso mal
Por crermos que a felicidade
É o nosso maior ideal
Para sobrevivermos na atualidade!

15/09/2012

Á alguém.


Agora que estou aqui
Lembrando de tanta gente
Vejo- me triste a sorrir
Sentindo algo diferente!
Neste momento estou triste
Com saudade de uma flor
Que até hoje persiste
A exalar o amor!
Com tanta raiva no peito
E uma vontade de gritar
Por ver os meus defeitos
Sem forças para chorar!
Queria ser algo além
Do que meu estado físico
Talvez, assim me sentiria bem
Tendo acalmado meu espírito!
Sinto explodir- me o coração
Dentro de uma fúria louca
É que é tão forte a emoção
Que não retenho o grito na boca!
Ah! Como é melancólica
A tragédia divina comédia humana
Que para acalmar- se faz fugas alcoólicas
Tentando assim entorpecer a mentalidade humana!

Um poema.


Eu queria compor um poema
Que trouxesse a grandeza da humanidade,
Um que fosse além dos dilemas
Em busca da felicidade!
Eu queria compor o libelo
Que desse ao mundo a certeza
Que mais forte do que mil castelos
É a força da sua beleza!
Eu queria, sim,
Criar uma ode
Dessas que se cantam ao luar
Mas, o meu coração mal pode
Esquecer seu olhar!
Eu queria criar a quimera
Que acalentasse os sonhos dos homens
No entanto, alguns já viraram feras
Esquecendo a força do próprio nome!
Eu queria criar o hai-cai
Perfeito e oriental,
Porém, meu coração me trai
E me traz o seu olhar!
Eu queria fazer a elegia
Destas que  toda pessoa se reconhece
Contudo, seu olhar tem a energia
Que nenhum mortal esquece!
Eu queria fazer o soneto
Tão forte que qualquer um o encontre,
Mas, se de mim eu me esqueço
Mais me lembro de seu nome!

O negro.


O negro levanta a mão para o céu e pede
Mas, o branco não permite ao deus dele a piedade,
A negra tira a grana da bolsa oferece
Porém, o preconceito da mendiga não quer tal caridade!
O negro vai ao banco
Para seu pouco dinheiro depositar
No entanto o vigia mulato aprendeu com o branco
Que ele só sabe roubar!
Criança negra na rua é morta
Mas a mídia alega que ela estava roubando,
Aí a sociedade virá as costas
Pois, não é um filho dela que estão matando!
O negro que tanto trabalhou
Para comprar o seu carrão
Nem viu o policial que nele atirou,
Pois, naquele bairro só podia ser ladrão!
Um negro morreu de fome,
Dor, mágoa e feridas
Mas, ocultaram- lhe o nome
Numa vala funda e esquecida!
O negro vai votar para presidente
Creditando num mundo melhor
É só aí então, que os candidatos sorridentes
Abraçam-no dizendo que ele não está só!

01/09/2012

Cotidiano fumê.


Doentes de medo,
tememos a realidade
Cada um tem um segredo
escondido na sociedade!

Queremos proteção de uma polícia eficaz
porque cansamos de ser a caça,
mas o bandido é quem pode mais
nas ruas, vielas e praças!

Cansados da miséria
que ronda o dia-a-dia
nas ruas, praças e favelas.

O animal predador
aos poucos se moderniza
no país planeta que perde o valor!

Assistindo à mesma novela na TV,
vemos a Humanidade se dizimando
enquanto o comercial insiste em vender
sem se importar com quem está comprando!

E assim seguimos a vida,
cada um preso em si
sem se importar com alheias feridas,
na insensata busca para ser feliz!

Presos no apartamento
através do vidro fumê,
observamos o movimento
sem como nem porquê!

Os deuses e eu.


Os deuses querem a paz
E eu vivo para servir,
Seja do humilde capataz
Ao mais ilustre grão-vizir!
Sou humilde de concepção
E mais humilde no caminho,
Por ver que neste chão
Ninguém está sozinho!

Os deuses me deram tanto
Pelo pouco que pedi
Que nem me perco em prantos,
Pois é para lutar que nasci!

Eu apascento o rebanho
Nas noites frias sem luar,
E não me prendo ao que ganho
Porque daqui nada posso levar!

Sei que minha ambição
É o trampolim para o mundo,
Mas tenho os conceitos da razão
Guardados na alma bem fundo!

O mundo é bom
E nada nele se perdeu
Por ter guardado o tom
Do diálogo entre os deuses e eu!

Geopira "N".

Geopira, quanta saudade
Que hoje sinto de ti,
É como se a felicidade
Quisesse me dividir!
Pensei estar contente,
Perdido em outro olhar,
Mas é a ti somente
Que nasci para amar!
Geopira, eu te troquei
Pelos prazeres vulgares da vida
E nesta troca, se não cai tropecei,
Deixando ao meu coração imensas feridas!
Um dia tentei me revoltar
Contra os sonhos que matam um homem,
E o que mais fiz foi me afundar
Nas dores que aos poucos me consomem!
Geopira, tentei fugir
De um fato já consumado
E sem perceber e sentir
Vivo em busca deste passado!
Agora meu coração
Não sabe mais o que fazer,
Pois ao trocar os pés pelas mãos
Pus toda a minha vida a se perder!

Setença.


(Sentença aplicada 7 vezes a uma mesma pessoa. )

7 irmãs me avisaram
Que 7 homens armados
Por 7 dias me esperaram
Para que eu fosse 7 vezes assassinado!

7 lágrimas caíram de dor
Por 7 mãos espalmadas
Eram 7 lágrimas de amor
Em 7 pontos da estrada!

7 crianças cantaram 7 belas canções
De 7 grandes compositores
E eram as 7 emoções
Superando as 7 dores!

7 caminhos seguirei
Com 7 desejos no peito
E 7 sonhos terei
Para vencer os 7 defeitos!

Pousarei em 7 casas
Para ter 7 minutos de paz,
Mas 7 vezes cairei nas estradas
Para vencer os 7 pecados capitais!

7 mortes hei de ter
Em 7 dias diferentes
Nos quais 7 dores vou sofrer
Por 7 vezes somente!

Boa sorte.


Se você pensa que está perdido,
Perdido você já está,
Pois o maior perigo
Reside no seu pensar!

Se você pensa estar derrotado,
Por favor, nem entre na luta
Pois quem pensa estar acabado
Não deve nem sair a rua!

Se você pensa em fazer o bem
O maior bem você recebeu
Ao desejar ao próximo o que quer para você também
É a maior prova de que você já venceu!

Pelas crianças de Beirute


Senhor! Hoje estou aqui
Fazendo uma oração diferente,
Vim para, além de vos pedir:
"protegei minha gente!"
Peço, Senhor, antes de tudo
Olhai as crianças de Beirute,
Pois não posso ficar mudo
Nem eu nem meus filhos Alfredo e Ruth!
Senhor, por minha vida pessoal
Peço amor, carinho e paz,
Mas pelas crianças de Beirute não peço igual!
Por elas, senhor, eu peço muito mais!
Muitas crianças choram
Entre elas meus filhos Alfredo e Ruth,
Porém a noite elas também oram
Inclusive as de Beirute!
Senhor, pelo sangue de vosso filho derramado
Olhai aquelas mãozinhas juntas
Orando por uma vida ao vosso lado
Já que as esperanças são muitas!
Senhor! Fazei parar aquelas armas
É o que pedimos eu, Alfredo e Ruth,
Parai todas as balas!
Senhor! Pelas crianças de Beirute!

Velório


Eu estava morto e em paz
Quando bateram em minha porta
Adentrou por ela entrou um rapaz
Tendo ás mãos uma nota!
Uns se olharam surpresos
Outros seguraram o riso
E ninguém naquele cortejo
Sabia sequer o motivo!
O rapaz até que foi educado
E não quis chamar a atenção
Mas sempre há um desequilibrado
Para arrumar confusão!
Incomodava um ou outro
E sempre falando alto
Deixando os parentes loucos
Com total descalabro!
Teve um momento que não deu para evitar
E alguém o levantou pelo colarinho
Com o coitado tentando se explicar
Com um som que saiu bem baixinho:
Eu sei que este momento é triste
E pode ate parecer loucura
Mas só quero saber se nesta casa existe
Alguém para pagar esta fatura!

Contrapontos


Você quer que eu fale de amor,
Eu preciso trabalhar,
Você me pede uma flor,
Eu só lhe faço chorar!
Há algo errado com certeza
Nesse nosso relacionamento,
Enquanto, só quero uma cerveja,
Você fala em casamento!
Eu não quero lhe magoar,
Chega de tristeza e dor,
Então, para que procurar
Algo para nos contrapor?
Eu já não sou tão inocente
E você não tem mais aquela ingenuidade,
Então, porque não seguirmos em frente
Em busca de nossa felicidade?
Eu não lhe prometo o mundo
E você não me dá sua vida,
Mas, podemos seguirmos juntos
Sendo um para o outro a guarida!
Assim, iremos nós seguir
Superando mágoas e dor,
E se pudermos um ao outro sentir
Então, esse será para nós o amor!

12/05/2012

África.

Talvez Eu Não Chegue A Lhe Ver
Como A Vi No Passado,
Mas Continuarei A Lhe Querer
Feito Sonho Não Realizado!

Talvez O Meu Vermelho
Nunca Jorre Em Teu Solo
Tudo O Que Presencia Meu Espelho
Todas As Vezes Em Que Choro!

África, Eu A Trago No Olhar
E Bem Dentro De Meu Coração,
Pois Sempre Estou A Chorar
Por Não Estar Em Seu Chão!

África, Minha Alma Chora
Por Lhe Ver Longe De Mim
Pois Há Séculos Fui Jogado Fora
Num Exílio Sem Fim!

África, Minha Querida
Nem A Morte Unirá Meu Ser Ao Seu
Pois As Intrigas Da Vida
Roubam O Pouco Que É Meu!

Um Dia Eu Fora Rei
E Hoje Sou Escravo
Punido Por Uma Injusta Lei
Que Me Tirou Do Solo Amado!

Minha Pele É Escura
Tal Qual A Cor Do Seu Chão,
E Ainda Tenho A Amargura
De Sobreviver Sob A Opressão!

Página 42 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.


Baby - o poema.

Todos dizem que eu
tenho de fazer my way.
Só que meu sonho morreu
de um jeito que eu nem sei!

Nas ruas, camisetas com estampas
escritas: come back to me.
Enquanto sobrevivi em Sampa,
sem esquecer que fui feliz!

Vejo sempre o Homem-Aranha
lavando as paredes dos edifícios,
enquanto um político só ganha
em cima de alheio sacrifício!

Amargamente aprendi
que botar a mão no dinheiro é crime.
Se você, ao competir,
não jogar pelo outro time!

Baby, eu tento lhe procurar
nos quatro cantos da Terra
por saber que em Bagdá
não há paz nem com o fim das guerras!

Eu sou uma sinfonia
vagando pelo espaço,
sem sua doce alegria
nem a força de seu abraço!

Página 45 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

Rascunho.

Sou uma folha perdida
Vagando nos braços do tempo,
Qual uma nuvem partida
Pela força dos sete ventos!

Sou o tempo vazio
E perdido em busca das horas,
Nas quais navego sozinho,
Tristemente indo embora!

Sou o sonho finito
Afundando na realidade,
A fúria do próprio grito,
Louca em intensidade!

Sou mais um ser
Crente no sonho eterno,
Tentando assim fazer
Algo mais com o meu verso!

Sou, por certo, querida,
Anjo ou quem sabe ateu,
Sabendo que nesta vida
Quem mais te quis fui eu!

Sou algo mais que não entendo,
Superior aos meus próprios erros
E por isso não fico sofrendo,
Pois sei que eu sou eu mesmo!

Página 36 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

Foragido.

Não sou o poeta vulgar
Que só faz rimas pobres
E que não podendo se encontrar,
Se vende por metal vil e nobre!

Não sei fazer rima difícil
E desconheço o que é volátil.
Tampouco faço sacrifício,
Se é mais fácil ser prático!

Sou poeta de Minas,
Com histórias do Ceará,
Que passou por Amaralina
E tem saudade do Amapá!

Sou foragido do SNI,
Sobrevivente do AI-5.
Sem querer aprendi
A falar verdades quando minto!

Um dia fui sequestrado,
Confundido com microempresário,
E por pouco não fui esfolado
Quando viram meu último salário!

Sou poeta da terra,
Procurando uma Salomé
Enquanto o lobo da guerra
Usa e abusa de nossa fé!

Página 27 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

Grito.

Eu sou aquele que no tempo
Perdeu o trem e o bonde.
Aquele cujo sentimento
Ninguém sabe porque se esconde!

Voando nas asas do sonho,
Sou por certo a emoção
Que no papel componho,
Livre de coação!

Sou até, quem diria,
A ode de um tempo gasto,
Vagando dia-a-dia.
Passo!

Navego triste e sozinho,
Feito quem tem fome
De amor e de carinho.
Bicho-homem!

Não gosto muito de doce,
Pois o vinho da vida é amargo!
E hoje vivo como se eu fosse
Um bêbado à procura de um trago!

Grito feito louco desesperado,
Pedindo por socorro.
É inútil, não há ninguém do meu lado.
Então, morro!

Página 18 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

23/03/2012

Agradecimentos.


(A Camila Senna, Eduardo, Gil, Judite Farias, Petescadas, Talentos, ZZ e todos os outros...)

A você que a mim segue,
Seja pelo carinho ou profissão,
E vê os erros que meu coração comete
Ao dissertar sobre a emoção!

Não sabe a alegria que a mim engrandece
Ao vê-la ou vê-lo ali na internet,
Sabendo melhor que eu que o importante
Não são as palavras que vou escrevendo,
Mas a alegria do instante
Que tranquilamente você vai vivendo!

E eu, tentando ser sábio sem saber
Que o meu mundo vem progredindo
Por do outro lado existir você!
Eu sei que por aí
Muitos outros virão
Para saber se o que estou a sentir
Tem, teve ou terá alguma vibração,

Mas nunca sei se o que me gera no pensamento
Vão entender aquilo que escrevo.
Mas é certo que tomado do mais profundo sentimento,
Pouco tenho para falar por isso de coração agradeço!