30/12/2010

Uma Mulher

Procuro alguém especial:
uma Mulher Divina Vidente Poetisa
e que, ao mesmo tempo, seja normal
ou suave feito a brisa!

Procuro uma Mulher do cotidiano,
dessas que só nascem uma a cada milênio
e que a glória de poder dizer "Eu te amo"
é tão grande que só de amá-la vou renascendo!

Procuro uma Mulher tão normal,
dessas que nascem todos os dias,
que tenha um olhar sobrenatural
e que se sobreponha à poesia!

Procuro uma Mulher Burguesa
igual ou melhor que as de obra de arte,
que seja Plebéia Periférica Princesa,
igual as que eu vejo em qualquer parte!

Procuro uma Mulher sensata,
se é que há sensatez em me amar,
uma Mulher Concreta Abstrata
que me ampare se eu vier a chorar!

Procuro uma Mulher Vadia Profana Santa
que saiba que na dor sou um menino
e que por me ver triste assim, ela não se espanta
pois sabe que sem ela só faço desatinos!

Procuro uma Mulher Divina Vidente Poetisa,
uma Mulher especial,
que seja suave feito a brisa
ou seja uma Mulher humanamente normal!

Nada se compara a você

Gostaria que você soubesse
que no mundo existem mil maravilhas,
coisas que poderíamos agradecer numa prece
todas as manhãs de todos os dias!

Tudo bem que eu seja romântico
e que gosto de lhe abraçar e beijar,
por você atravesso o oceano Atlântico
e olha que nem sei nadar!

Gostaria que você visse
há tanta grandiosidade que fascina.
Na França a beleza das ruas de Nice
até as muralhas da China!

Tubo bem! Eu sou apaixonado
e exagero e carrego na emoção,
mas amar também é ser exagerado,
ainda mias sendo você este mulherão!

Gostaria que você percebesse
que é tão bonito viver e amar
que se meu sonho morresse
eu o renasceria para lhe encontrar!

Tudo bem que por amar
eu sou superlativo em meu jeito de ser
mas, saiba que eu nem vou procurar
por que nada, nada se compara a você!

A Vidente

Quando ela olhou para mim
de um jeito que ninguém me via,
logo notei que ali
eu já não era mais quem queria!

Quando para mim ela olhou
e sei que nunca vi nada igual,
a minha vida toda revirou
e hoje não sei se voltou ao normal!

Ela me disse com tristeza
que um portal fora aberto
mas não podia ver com clareza
por que o futuro é sempre incerto!

De uma coisa ela tinha medo
e me avisou antes de partir
para tomar cuidado com os desejos
pois por eles deixamos tudo ruir!

Ninguém sabe e tem definido
o futuro que por nós espera
afinal todo dia agimos feito bicho,
somos feras comendo feras!

O portal que foi aberto
pode trazer dor e destruição
se a humandidade por certo
não enxergar com o coração!

No entanto, eu já pago um alto preço
por ter convivido com ela a sorrir,
porque hoje o que vivo nem sei se mereço,
pois o castigo maior é ela não estar aqui!

Bom gosto ou bom preço?

A lógica do bom gosto
não se alia à lógica do bom preço
porque nem sempre o preço posto
paga o gosto do meu apreço!

E eu sigo assim a minha história
tentando ser eu de vanguarda
num mundo de pouca memória
onde a qual sempre nos falha!

O futuro anunciado
já é história corrida
quem fez o bom e o de agrado
já se esqueceu na saída!

Hoje compra-se Monalisa
no mercado paraguaio made in China
e no preço pago a prazo ou à vista
já vem enbutido a propina! 

E todos pagam por tudo
num fast food vulgar e emocional
e se eu não compro não me iludo,
logo, não faço parte do quadro social!

Não se alia à lógica do bom preço
com a raridade da lógica do bom gosto
porque se eu pago o gosto do meu apreço
nem sempre eu pago o preço suposto!

Ano Novo ou 12 meses?

Passada agora a letargia
e a pseudo evolução social
vejamos o nosso dia-a-dia
com o seu desequilíbrio normal!

Agora que entra janeiro
com sua bagagem de contas mal pagas
não sabemos o que vem primeiro
ou se sobreviveremos às taxas!

Fevereiro nos engana
com dois ou três dias cortados
e o povo na luta desumana
sobrevive com pouco salário!

Em março a alegria
vem com a festa do carnaval
enquanto o povo também se alivia
na ilusão do futebol!

Abril vem com a abertura
para começar tudo de bom de novo
e quem deve trabalha e continua
a lutar feito um louco!

Maio libertação dos escravos,
Maria Mãe de todos, mês das noivas.
A esta altura, teremos esquecidos os super-salários
que foram aprovados nas alcovas!

Em junho, teremos as quadrilhas
em todo o território nacional,
notícias de Oiapoque a Brasília
uma ou outra será esquecida pelo jornal!

Em julho, alguns terão férias
incluindo aí o Congresso e o Senado
enquanto alguns irão devastando a terra
pelo menos eles não farão nada errado!

Agosto de tédio ou desgosto!
Ventos frios de mudança,
meninos empinando pipas nos morros
sonhando que são livres e crianças!

Setembro a parada da Independência
para um povo cada vez mais dependente,
quem não consome por conveniência
acaba se tornando inconveniente!

Outubro, criança e professor
os dois elos de uma mesma evolução
enquanto um precisa de Amor
o outro busca valorização!

Novembro é um Deus nos acuda
e o ano vai chegando ao fim.
Finados, praia, cerveja e República.
Precisa mesmo ser assim?

E, finalmente, chega dezembro
a volta dos verdadeiros valores humanos
em um único mês estaremos fazendo
o que poderíamos ter feito todo o ano!

O caminho de São Francisco.

Hoje eu sei o que fazer,
eu sei bem para onde ir,
agora nada vai me deter,
não vou me deixar seduzir!

Hoje, eu sei que o caminho
não deixa de ter os seus riscos
mas, não estou sozinho
no caminho de São Francisco!

Hoje, eu sei que Deus
está dentro de cada Ser
e só mesmo se perdeu
aquele que se deixou vencer!

Hoje, eu sei que a Luz
brilha dentro de cada vivente
que sabe como se traduz
o Amor que eleva a gente!

Hoje, eu sei que o homem
só pode salvar a própria vida
honrando a Deus em seu nome
na postura do dia-a-dia!

Não adiantam os valores
que compram tudo na matéria
se quem detém esses penhores
não se põe a salvar quem sofre na Terra!

Hoje, eu assim seguirei
retribuindo a tudo com um sorriso
e farei da paz a minha lei
ao trilhar o caminho de São Francisco!

Na cozinha de Pai Manoel.

Eu sou filho de Manoel
e na casa de meu Pai
todos trabalham sob o céu
na qual o pranto não vai!

Na cozinha de meu Pai o pão
é dividido com sabedoria
e todos juntos limpam o chão
por vivermos em harmonia!

Na cozinha de meu Pai, há paz entre as pessoas
por que o mal que afeta um a qualquer hora
desperta o bem que a todos perdoa
e a tristeza vai embora!

Na cozinha de meu Pai Manoel,
o alimento é a sabedoria
Porque todo Pai colhe o mel
quando os filhos vivem em paz todos os dias!

Na cozinha de meu Pai, todos os homens são irmãos
e repartem a paz, alegria e o Amor Universal
porque todos estão unidos pela alma-coração
que separa o homem do animal!

Na cozinha de meu Pai Manoel, eu aprendi
que Amor é dedicação, respeito e carinho
e lá todos podem sorrir
porque ninguém está sozinho!

Não quero muito desta vida
que não seja plantado com Amor
porque a riqueza e a sabedoria
consiste em saber seu próprio valor!

Através de seu olhar

Eu preciso lhe encontrar
para falar dos meus sentimentos,
precisamos novamente caminhar
sentindo no peito a força do vento!
Eu preciso, sim, descobrir o que a motiva
para buscar com o meu verso
o que pode rejuvenescer a vida
o muito que me dá o universo!

Eu preciso encontrar em você
a poesia que tento todo dia compor
para que ao escrever
eu reencontre seu amor!
Eu preciso lhe falar de mim
para que saiba que eu
busco nas flores dos jardins
um doce sonho que se perdeu!


Eu preciso respirar o doce ar em sua volta
para que num beijo possa lhe mostrar
que a emoção não está morta
e existe, sim, para nos motivar!

Eu só preciso saber
quem sou eu em sua vida
e se você em meu viver
veio harmonizar ou é mais uma ferida!
Eu preciso saber de mim
através do seu olhar
por que se eu sentir o nosso fim
nem vale a pena continuar!

Quando voltar.

Quando voltar não se espante
com o desalinho dos meus cabelos,
nem repare no copo sujo na estante
ou até em meus olhos vermelhos!

Não se assuste, por favor,
com os sapatos no sofá,
nem mesmo a borra de café no coador.
A única coisa que tenho feito é chorar!

Não dê atenção à vizinhança,
que só sabe mesmo é fofocar.
Vão dizer até que chamaram a ambulância
e eu só queria voar!

Aquele buquê de rosas
que você deixou para trás
continua deitado na mesa da copa,
já tem um mês ou mais!

Quando voltar, não repare
na bagunça que está o quarto,
só lhe peço que me fale
onde deixei meus sapatos!

Na vidraça da sala
tem um vidro partido.
Não pergunte que esta casa fala
e você saberá o quanto fiquei perdido!

Um pouco de você.

Não quero que seu olhar me veja
do jeito que eu fiquei.
Você é inteligente, talvez perceba
o quanto já chorei!

Você não é culpada
por algo que não deu certo,
nem por minhas mãos espalmadas
suplicando por afeto!

Não mais controlo o que sinto
e não a esqueço um único instante,
ás vezes até minto,
mas guardo em mim seu semblante!

A vida se esvai depressa,
feito fumaça de cigarro.
Enquanto um dia novo começa,
eu permaneço calado!

A cada música que toca,
lembro sempre de você.
Meu coração não bate, mas se esforça
para que eu continue a viver!

A cada linha que traço,
traço também um pouco do fim.
Terei que viver sem seu abraço,
mas você terá que viver sem mim!

Fica para depois.

O nosso amor, doce ilusão,
ficou gravado num papel
e com ele minha emoção,
sem os seus olhos de mel!

Já deletei seu telefone
e tudo que nos unia,
mas o seu lindo nome
às vezes brota na poesia!

Do seu olhar não lembro mais,
até penso que a esqueci
e quando me vejo em paz
sinto você por aí!

Já tentei mudar de cidade,
é muita dor para pouca Beagá,
mas descobri que a saudade
dói em qualquer lugar!

A Praça da Liberdade,
gravei-a no coração,
e quando vejo a felicidade
lembro de suas mãos!

As lembranças do passado
doem por tudo o que não foi
e o desejo de ser amado
bem... fica para depois!

Amigos sem rancor.

(Parecido com Cazuza)

Eu sei que é difícil Mentir
depois do que aconteceu com nosso amor.
É muito doído de fingir
ficarmos amigos sem rancor!

Beija eu com perdão
que eu lhe beijo sem mágoas,
e juntos seguiremos neste chão,
cada um na sua estrada!

E assim seguirei meu caminho,
protegendo seu nome com a minha dor
e quem a mim ver triste, magoado e sozinho
direi que beijei, fui beijado por uma beija-flor!

Não tenha pena ou dó de mim,
pois um novo amor eu terei
e está dor terá um breve fim
nas bocas das mulheres que beijarei!

E assim seguirei lhe esquecendo
a cada dia em que amar,
porque amor vai-se recebendo
na medida em que se aprende a perdoar!

Eu protegerei pelo resto da vida
a nossa história de amor,
e a lembrança terá a guarida
com o codinome beija-flor!

Só eu e tão somente você
saberemos desta nossa história,
pois só interessa a quem pôde viver
nossos momentos de glória!

No entanto, não vou mentir,
nem você me dirá que me perdoou,
mas teremos que assim seguir
tentando ficarmos amigos e sem rancor! 

29/12/2010

O circo está armado.

Era só o que faltava...
e o povo paga o calote
recebendo mais uma sobretaxa
sem direito a camarote!

Com uma prosopopéia flácida
para acalentar bovino,
sobrecarregam na falácia,
tratando o povo como equino!

O salário do trabalhador
não pode ser valorizado,
pois o que ele gera de valor
para eles é sempre reservado!

Na correria das compras de Natal,
ninguém percebeu a hipocrisia
que com o nome de social
está patrocinando está nova orgia!

Surfando no folclore do oprimido,
ninguém faz nada de bom no Congresso
e o povo mais uma vez sendo traído,
sem benefícios nem progresso!

Até quando esta nação estará sendo refém
de trezentos picaretas com anel de doutor,
enquanto só eles se dão bem
porque o povo é quem paga este valor?

Um dia o povo acordará
porque agora o circo já está armado
e com certeza cobrará
do Câmara e do Senado!

É necessário que o povo desperte
e recupere seu valor,
porque não há quem respeite
nosso título de eleitor!

Agora só falta lonar
aumentando as bolsas-benefícios
e o País sai feliz a comemorar,
já que tudo virou um grande circo! 

Geopira II

Geopira, minha canção
Evadiu-se contra o tempo
Por possuir a emoção
Que faz uma luta contra o vento!

O amor que tenho em mim
É feito o sonho de guerreiro,
Pode até causar o meu fim,
Porém nunca será traiçoeiro!

Geopira, minha alma perdida
Vaga sem jamais encontrar
O sentido de minha vida,
O qual vivo a procurar!

Eu sei, Geopira, o que na alma me dói
Não é nunca ver o sonho perdido,
Mas sim saber que o que me corrói
Não pode assim ser repelido!

Geopira, eu canto e grito
Por um amor que dilacera
Ao ver surgir em meu íntimo
Um desejo que me faz virar fera!

Geopira, minha canção
Ecoou sem sentido ao Norte,
Atraindo mais ainda minha paixão
De encontro à própria sorte!

madrugada afair.

Eu sou aquele que carrega
O amor feito estandarte,
E é tão puro que se entrega
Qual criança traduzindo a arte!

Eu vejo o sonho nascendo
E por ele muitos se veem sorrindo,
Por saberem que o que estão fazendo
É um novo sonho sendo construído!

Eu vejo o mundo em paz,
E os Bushs abraçados aos Osamas e Sadams
Por saberem que o hoje se faz
Acreditando no amanhã!

Eu vejo, sim, o futuro
No qual insisto em crer
E sei que o que falta no mundo
É falta de bem conviver!

Eu vejo nesta terra
O que muitos insistem em negar,
Pois para que não haja guerras,
Basta apenas amar!

Eu sou aquele que procura
A presença de uma doce mulher
E hei de encontrar este poço de ternura
Em uma madrugada afair!

Encontros.

Fui ao encontro da morte
Para evoluir na vida,
Mas ela me disse:
"Sê forte, pois não te quero ainda"!

Fui ao encontro do sonho
Para evoluir meu plano,
Aí ele me disse :
"Sê medonho contra perigos mundanos" !

Fui ao encontro de uma mulher
Em busca de poesia,
Foi aí que ela falou: "Aproveite o quanto puder,
Pois, só me terá por um dia"!

Fui ao encontro do mar
Para aplacar minha mágoa,
Ele então se pôs a falar:
"Quem é louco enfrenta as águas"!

Fui ao encontro da montanha
Para tentar me reerguer,
Ela disse que uma dor tamanha
Por certo irá vencer!

Fui ao encontro da criança
Cansado de tanto chorar,
Foi então que a esperança
Começou a me reanimar!

Cisne Negro

Um bêbado fedendo numa cama,
Uma televisão ligada...
Vou levando o meu drama
Aos tapas e bofetadas!

Uma menina inteligente
Fazendo perguntas bestas,
E é ainda superinsistente,
Talvez este castigo eu mereça!

Uma garrafa de vinho
E a vida seguindo lá fora,
Enquanto que aqui sozinho
Não vejo o tempo indo embora!

A lua de hoje é azul,
Igual aos olhos dela.
Enquanto na América do Sul
Fazem tributos a Mandela!

O músico que tocava
Sempre feliz no cisne negro,
Disse que ela me amava
E tinha por mim sensuais desejos!

Uma televisão ligada,
Um bêbado fedendo numa cama.
Aos tapas e bofetadas
Vou levando o meu drama!

Página 41 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

Agora é a minha vez.

As portas se abriram para mim,
agora é a minha vez,
finalmente colho flores nos jardins,
mas o faço com lucidez!

Estou pronto e disposto
a colher pelo que plantei
e quem olhar em meu rosto
saberá o que já chorei!

Não deixo mágoas no caminho,
nem dou ouvidos à maldade.
Se fiquei só no meu caminho,
não me torturo com a saudade!

Não procuro por inimigos,
deixo-os com suas sinas,
sei agora que um sorriso
é o registro de uma vida!

Peço paciência aos ditos sábios
com a ignorância geralizada,
pois constantemente me esbarro
em sabedorias disfarçadas!

Não corro atrás do tempo,
apenas sigo com minha vida,
pois quem planta bons sentimentos
com certeza não colhe feridas!

Sigo ao encontro de minha riqueza,
que surge dia a dia, mês a mês,
e agradeço a Deus tanta beleza.
Agora é a minha vez!

Sei agora que mereço
toda a fortuna que a mim vem,
e por isso sempre agradeço
a Deus e todos que estão no caminho. Amém!

Meu tempo sem você.

Já fiz de tudo neste ano.
Ganhei, lutei e perdi,
tropecei em meus enganos,
só de você que não esqueci!

Já corri mundo nesta vida
e fiz poemas ao luar,
mas sua imagem tão querida
do coração não pude apagar!

Já andei por esta terra,
briguei com anjos e demônios,
enfrentei terremotos e guerras
e até falsos matrimônios!

Já vaguei pelo planeta
corri searas e pântanos,
não realizei falsas proezas,
mas não esqueci o quanto a amo!

Já fiz de tudo que podia
para tentar me reerguer,
mas nem mesmo a poesia
salvou meu tempo sem você!

Busca e espera

Eu busco e espero
por algo de novo na vida,
que seja mais que corrigir os erros
de uma eterna despedida!

Eu busco e espero um poema
no qual o sentido seja retratado,
como se fosse um emblema
que dê orgulho de ser mostrado!

Eu busco e espero o amor
que seja mais forte que tudo,
dando-me força e valor
para vencer neste mundo!

Eu busco e espero a poetisa
que um dia irei reencontrar,
pois o meu motivo de vida
estava com ela ao luar!

Eu busco e espero de mim
um pouco mais de coerência,
porque é preciso plantar nos jardins,
mas o florescer é só com paciência!

Eu busco e espero alguém
que resida em meu coração,
me reensinando a querer bem
e a amar com perdão!

Busco e espero com urgência
alguém que me reeduque para o amor,
renascendo aquela inocência
que existe no silêncio da flor!

Desejos.

Se teu nome for Marília,
Poderia também ser Esther,
Mas não te quero como amiga,
Te quero, sim, por ser mulher!

Sei que tua maturidade
Confronta-se nos excessos da minha,
Mas quem colhe felicidade
Também planta erva daninha!

Tu poderias, quem sabe,
Ser até a minha amiga,
Mas teu corpo, Sherazade,
Joga-me em armadilhas!

Não quero correr perigos
Por algo que não vale a pena,
Pois não posso evitar teu sorriso
Nem tua pele morena!

Quando o teu olhar
Cai assim sobre o meu,
Tudo que tentei evitar
De repente, se perdeu!

Não sei os caminhos que traço,
Apenas evito os perigos.
No entanto, ao me perder em seus braços
Certamente me encontro em seu sorriso!

Paixão perdida.

Um nome gritado em vão
Para aplacar uma dor,
Um sonho, uma ilusão,
Um desejo além do amor!

O vento bate em meu rosto
E quanto mais forte for me faz ver
Que um imenso desgosto
Me fará padecer!

Tudo o que não consegui,
Tudo o que ainda quero,
Tudo a me perseguir
No sonho no qual me desespero!

Estou agora tão distante
E cartas não podem aplacar
A dor de cada instante,
Que fica a me sufocar!

O sonho que está perdido,
A glória que não alcancei,
Uma dor que pensava ter esquecido
E sem sentir a ressuscitei!

Um sonho a todo segundo,
Um pedido a toda hora,
Uma dor que não cabe no mundo,
Nem valeu ter ido embora!

Tudo o que peço na vida
É só um momento ao lado
Desta paixão perdida,
Que não sabe o que tenho guardado!

Outros amores passaram por mim,
Mas jamais terão o valor
Que faz de começo o fim,
Ressuscitando assim este amor!

Só mesmo este nome
Que tenho gravado no peito,
Que mesmo estando longe
Me faz sentir refeito!

Às portas de um novo tempo
Ainda carrego sonhos do passado,
Que alicerçaram meus sentimentos,
Me deixando inacabado!

Eu sei que não é válido
Lamentar o que se encontra perdido,
Mas quem vê meu rosto pálido
Não vê meu coração ferido!

Vagando entre o céu e a terra,
Sigo louco e descontente,
Lutando em minha íntima guerra,
Tendo a alma plangente!

Às vezes me param nas ruas,
Me perguntando como estou indo.
Aí a saudade fria e crua
Me faz ver que vou só existindo!

Para mim não há cadernos
Onde possa definir esta emoção,
Pois tudo em meu interno
Explode aos poucos de paixão!

Geopira.

Geopira, minha alma grita
Como se fosse explodir
E meu corpo se precipita
Numa angústia de existir!

É tão estranho, geopira,
Esta dor que ainda trago em mim.
Ao mesmo tempo que a mim maravilha,
Mais me mostra que está perto o meu fim!

Geopira, parece loucura
Tanta emoção dentro do peito,
Mas é tão imensa a ternura
Que quase me deixa satisfeito!

Muitos dizem que sou louco
Por ter em mim tal emoção,
Mas é preferível a dor do sufoco
Do que viver sem paixão!

Geopira, gritarei pela vida
Esta emoção que a mim consome,
E chamar-te de querida
Dispensa que o mundo saiba teu nome!

Oh, Geopira amada,
Tanto quis em mim este amor
Que seguirei pela estrada
Na qual não haverá tal calor!

Mackenzie, o urso croata

Pois é, amigo, Mackenzie,
É tanta a ignorância do homem
Que quanto mais ele aprende,
Menos honra o próprio nome!

Não contente em matar seus irmãos,
Cria tanta agonia sobre a terra,
Tirando da boca de uma criança o pão,
Descarregando sua fúria na guerra!
Há tantas coisas erradas
Feitas pelas mãos do homem
E o prêmio é a terra devastada
Por uma ganância que não tem nome!

Enquanto no imenso Brasil
Crianças cheiram cola nas praças,
Outras sob a mira de um fuzil
Correm sem ajuda na Croácia!

Jogam detritos no mar,
Fumaças em florestas se alastrando,
Que fica difícil respirar!
Tudo bem! É o progresso chegando!
E o que mais me surpreende
É que lhe deixam num zoológico sujo,
Justo você, amigo Mackenzie,
A quem todos chamam de urso!

Cuide-se.

Você se dedica demais,
cuide um pouco de você,
gaste um minuto em paz,
refletindo com o seu ser!

Amar é bom e faz bem,
mas ame-se em primeiro lugar,
porque só pode cuidar de alguém
aquele que sabe a si mesmo amar!

Todo mundo gosta de ser servido
com toda pompa, carinho e zelo,
no entanto, para manter o seu viço,
cuide de si primeiro!

Lembre-se que você é importante
dentro daquilo que você faz,
e não adianta agradar a todos num instante
e passar o resto do dia sem paz!

Cuide-se enquanto é tempo,
porque a vida passa a jato
e não adianta ter bons sentimentos
a quem nos retribui com maus tratos!

Goste de você primeiro,
vá a um salão de beleza,
procure um bom emprego,
viva de acordo com a sua natureza!

Nós.

Eu sigo o caminho
no qual não haja espinhos!
Você triste e só lutando contra a solidão
que insiste em ferir seu coração!

Nós já sofremos demais
em busca de um valor
que fortaleça a nossa luta pelo amor!

Para merecermos a felicidade,
juntos atravessaremos a cidade
falando numa única voz
o sentido que o amor causa em nós!

Eu busco em você a razão,
que alegre o meu coração!
Você mesmo não sabendo nada de mim.
É só me aceitar
que estaremos livres para amar!

Companheiro

Você sempre diz que a ama,
mas ela não pode contar contigo.
Procure mostrar que além da cama,
você sabe o que é ser amigo!

Às vezes ela quer desabafar
e você quer ver o futebol,
deixe isto para lá,
vá com ela curtir uma tarde de sol!

Quantas vezes ela fala sozinha
querendo discutir a relação
e você não a anima
segurando-a pelas mãos?

Tente uma vez na vida
ser legal e companheiro,
ela o escolheu por toda a vida.
Não faça da vida dela um pesadelo!

Quantas vezes ela já elogiou
um amor distante do passado
e você ainda não se tocou,
parece até anestesiado!

Mostre que você a ama
e é um amor com desapego.
Mais do que um homem na cama,
ela precisa é de um companheiro!

Invertido.

com este poema invertido!
mas sei que experiência mais eu ganho
e também não estou perdido,
Não há nada de estranho

no meu perfume de flor!
contudo sempre estará
o jeito deste estranho amor,
Você um dia saberá
sabendo até por que se é feliz!
pois amar é sim bem viver,
o apoio para seguir,
Espero encontrar em você

o sentimento que não morre!
aguardo taciturno e calado
onde até o ar não se move,
Deste domingo parado

e é certo que alguém vai perceber!
mas criar é também variar
caso não possa entender
Não queira me julgar

pode lhe parecer sem sentido!
também a estrutura do dilema
que tem o olhar invertido
Assim como o poema

Negro véu.

Quatro estrelas brilham no céu,
Reluzindo seu olhar,
E sinto meu corpo flutuar
Sob um negro véu!

Quatro círios acesos
Numa gruta qualquer,
Na qual se esconde uma mulher
Com a origem dos meus medos!

Quatro faróis ofuscantes
Deixam-me cego na estrada,
E minhas pernas pisam no nada
Enquanto volto a ser o que era antes!

Quatro diamantes lapidados
Refletem a luz do olhar,
E fingindo não chorar
Carrego o peito magoado!

Quatro olhos no nada
Pairam sobre mim,
E sinto próximo o fim
De minha longa jornada!

Página 31 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992. ( Com o título de "Quadrangular" )

Quatro luzes do além
Pairam sobre o meu ser,
Enquanto tento correr
Percebo que não sou ninguém!

Paixão precipício.

Quero o amor que me mata
Porque ao seu lado faz certo bem,
Ouvindo bem baixo a voz do Sinatra
Cantando Let me try again!

Quero morrer de tesão
No corpo desta morena,
Para que jogado ao chão
Sinta que amar vale a pena!

Quero me perder num abraço
Desses que duram uma vida
E ocupam todo o espaço,
Sem tempo para despedida!

Quero o calor da mulata
De jeito andrógino e febril,
Que tem o embalo que me mata
No requebrar do quadril!

Quero morrer de amor
Porque de ódio o mundo está cheio.
Quero me sufocar no calor
Que há em um belo par de seios!

Quero morrer de paixão
Destas que levam ao precipício,
Para que ao sangrar-me o coração,
Perceba eu que foi válido o sacrifício!

Poeta maluco.

Sou um poeta maluco
Em um tempo perdido,
No qual um sonho fajuto
Passa a ter sentido!

Sou eu parte de mim mesmo,
Querendo ser parte de todos
E não estou perdido a esmo,
Mas às vezes passo por louco!

Meu pai podia ter sido herói
Ou minha mãe a incerteza
No entanto, nada hoje me dói
Nem mesmo sua frieza!

Sou um poeta maluco
Em um país desencontrado
Onde o que for mais absurdo
É o que deve ser registrado!

Sou o errante ou não da vida
Em busca de algo além
Que possa aliviar minhas feridas
Sobre as quais não me sinto bem!

Sou um poeta maluco
De um povo roubado e sofrido,
Ás vezes, o que falo ou escuto
Pode passar despercebido!

Página 32 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.

O que faço melhor

Nunca andei de esqui
Nem fui a Nova York.
Não surto no Hawaí
Nem cheguei ao Oiapoque!
Não escalo o Himalaia,
Não ando, nem danço house.
Não administro toda essa gandaia,
Nem viajo para visitar Mickey Mouse!

Não peço favores em Brasília,
Não morro de amores em Roma.
Não monto, nem danço quadrilha,
Nem bebo até cair em coma!

Não cheiro cola de sapato,
Não atiro pedra em vidraças.
Não dou crédito a boatos,
Nem bebo para me perder nas praças!
Você deve se perguntar
O que é que faço da vida,
Pois, ninguém me vê chegar lá,
Mas, estou sempre de partida!

E eu só posso dizer
Que procuro um sol maior
Porque a poesia a escrever
É o que faço melhor!

A dor dos mortais.

Um passo para frente
Dois para a queda,
Um sorriso contente,
Um rosto de pedra!

Um sonho acabado,
Um homem morto,
Um amor fracassado,
Um navio sem porto!

Uma agonia latente,
Uma lágrima no olhar,
Uma partida sem voltar atrás.

Uma tristeza na gente,
De não poder voltar
Da amarga dor dos mortais!

A morte de um pai de família

Chora amargamente a mãe,
E mais amargo é o choro da filha.
Não tem festa, não tem champagne,
Morreu um pai de família!

Os pássaros cantam tristes,
As flores murcharam descontentes.
Tanta alegria que por aí existe
Deixou de ser de repente!

Choram as crianças nas ruas,
Choram as mães e as filhas,
Está frio o sol, tão fria a lua
Pela morte de um pai de família!

Há nuvens por sobre o horizonte,
Lágrimas por todos os prados,
Dor refletida nas frontes
E prantos por todos os lados!

Choram mães e irmãs,
Todos os parentes e as filhas.
Choram porque é triste o amanhã
Com a morte de um pai de família!

As brincadeiras perderão a graça,
As ruas ficarão sem sentido
Nas casas que rodeiam a praça.
Tudo, tudo parecerá perdido!

Choram porque só o choro as pode amparar.
Tanto irmã, tia, mãe e filha
Choram por não ter em quem se apoiar,
Com a morte de um pai de família!

Página 26 do Livro Cisne Negro - Editora Scortecci - 1992.